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  • Foto do escritorOtavio Yagima

Crônica #95 | Os frutos de uma árvore

Reconhecer os talentos, preciso é.



O que você encontrará nesta crônica:


Como está sua situação atual de vida, diante de tantos desafios a que todos estamos expostos diariamente? Está feliz, realizado, em paz, ansioso, amargurado, solitário?

Quais são os sentimentos que te acompanham? Em síntese, eles podem revelar os frutos que está gerando ou que tem dado, os frutos da árvore que é. São bons? São maus?

As boas sementes germinaram, ou algumas ou muitas estão ainda adormecidas?

Quais são os valores que te domina e impera na sua realidade? Quais são as suas razões?

Os seus verdadeiros talentos estão sempre à espera de um resgate para serem aflorados e distribuídos.


I. Sob a sombra da mangueira.


Com os dias quentes evidenciando a chegada do verão, adentramos o mês de dezembro.

Na nossa cidade temos uma avenida com um largo canteiro central, onde a ciclovia divide seu espaço com árvores enormes. A árvore mostra quem ela é pelo seu fruto. E naquela avenida, em toda sua extensão são os pés de manga que se mostram, nesse período, coloridos e carregados pelas suas deliciosas mangas. Portanto, há uma grande presença de pessoas nas movimentadas tentativas de cata às frutas. Avistamos de longe um grupo de garotos atirando objetos para derrubá-las. Uma cena de concentração e alegria, com corridas frenéticas para pegar a fruta antes dela alcançar o chão.

 

Dentre os meninos um senhor acompanhando, mas sentado à sombra das belas e frondosas árvores.

Além das frutas, um refrescante abrigo contra o calor daquele dia, era gentilmente oferecida também em grande abundância.

 

Atraídos por aquela esfera nos aproximamos do senhor, que sentado apenas observava a diversão dos meninos. Havia harmonia entre eles, havia alegria, havia compartilhamento das mangas colhidas. Uma garota sentada ao lado do senhor, as dividia em partes iguais. Sorria feliz a cada fruta trazida.

- “Quer manga, tio?”

- “Ahhh pode deixar, eu mesmo vou apanhar!” Arrogantemente respondi com um sorriso.

 

Parecia tão fácil aquela tarefa, contudo envolvi numa física complicada de cálculo. Gravidade, energia potencial, balística, movimento curvilíneo, força centrípeta, ação e reação, peso do objeto. Ora, ora... Tantos estudos, tantos anos aprendendo cálculos, e não me serviu sequer passar perto do alvo. Sendo que os meninos acertavam com uma certa facilidade. Não me restou senão aceitar a manga oferecida.  Sentamo-nos também então, na sombra daquela árvore.


II. O poder da árvore.


Diante dos enormes troncos e dos grandes galhos a subirem o céu, a semente que deu sua origem se tornou muito minúscula, na minha mente. E pensar que numa pequenina semente está contida toda aquela grandiosidade. Tão simples, porém tão complexo e belo ao mesmo tempo.

Senti naquele momento o poder não só da semente, mas daquela árvore; que naquele instante nos oferecia tudo de si. Afinal, ela produzira tantas frutas quanto havia conseguido, e tão somente para oferecer e alimentar aos outros. Ela própria não se alimenta de suas frutas, não se abriga na sua sombra, e vai além, purifica o ar nos oferecendo o essencial para nossa vida, o oxigênio. A árvore nos enche os olhos com suas belezas, de todas as cores e espécies. Está presente em nossos dias, em incontáveis materiais que nem imaginamos ter se originado delas: esta é a árvore e os seus frutos!

 

Quantas vezes paramos diante de uma árvore, e a reconhecemos, e a agradecemos por todos os seus frutos?

 

Parece algo estranho para muitos, mas me é muito familiar o falar com as árvores.

Minha esposa não só fala, como canta para suas jabuticabeiras, para nosso limoeiro ou abacateiro. Dias desses estava dizendo à nossa mangueira que precisava ajudá-la, pois um grande galho estava chegando no chão devido ao peso das suas frutas. Colher as frutas cantando em agradecimento é gracioso, e de conexão profunda e muito valiosa. A reciprocidade estruturada no bem, liga o homem com o seu ambiente natural, com a natureza e todos os seres viventes. Concretiza-se a diversidade numa coexistência feliz e próspera, uma ajuda mútua onde haverá sempre o crescimento de todas as partes. Numa visão mais ampliada podemos acreditar que, mutuamente, sustentamos as nossas vidas. A expansão de todos torna a coexistência muito bela, e então se processa a verdadeira harmonização.

 

O senhor que estava sentado se diz avô da menina ao seu lado, e de alguns daqueles garotos. Moravam não muito longe dali, e acompanhou o crescimento de todas aquelas mangueiras. Costuma caminhar enquanto seus netos pedalam pela ciclovia, com toda a energia que tem as crianças nesses passeios.

 

Muito afetuoso com seus netos, fala da participação dele na vida de todos eles. Tem netos dos seus três filhos, um homem e duas mulheres. Refere-se com muito carinho aos filhos, dizendo ser respeitado e querido por todos. Afirma prezar muito pela convivência harmoniosa das famílias.

 

Minha mente me diz: “Por seus frutos os conhecereis. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.”

 

Uma pessoa com o coração bom produzirá bons tesouros. A pessoa má, a partir do mal que habita o seu interior, produzirá semelhantemente, coisas ruins. Os pensamentos, as palavras, os gestos surgem do que está repleto o seu coração, não há como ser diferente. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.

 

A menina, acabando de receber mais uma fruta de um dos garotos, pergunta:

- “Olha tio, que grandona! Sabe por que escolhemos pegar as mangas desse pé?”

- “Seria porque é mais doce e gostosa, acertei?”

- “Também, mas é porque é a preferida da mamãe, ela ama essa manga!” Diz isso sorrindo, aconchegando carinhosamente a fruta em suas mãos, e a colocando perto do seu coração.

 

Que belo gesto e sentimento a menina emanava naquele momento!

Bondade e amor, completando com a alegria de servir compartilhando com o seu próximo. Sem conflitos ou disputas, e a alegria distribuída circulará promovendo o retorno dessa felicidade.

 

O avô complementa dizendo ser aquela fruta diferente, confirmando a preferência de sua filha e a dele também.

 

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III. O tempo de crescer.


Estamos na estação das mangas, é no verão que atingem o seu ápice.

Para tudo há o seu tempo certo, sejam das árvores frutíferas, sejam as de flores, sejam as pequenas, as minúsculas ou as grandes. Todas florescem e produzem, cada qual, no seu devido tempo. E pensar que tudo começou timidamente por uma pequena semente. Aquela semente, que independentemente do seu tamanho, já carrega dentro de si todas as propriedades gigantes da sua espécie.

 

A Vida que se manifesta no âmago de nosso ser, se manifesta também nos animais, nos minerais e nos vegetais. Nós, seres humanos, estamos inseridos dentro dessa Natureza como um todo. Somos uma das expressões de vida, dentre todas as existências deste universo. Passamos também pelo processo de semente, onde alojado continha nela todos os bons frutos para um dia frutificar.

 

E então, um dia germinamos.

 

Dependendo de onde a semente foi semeada, pode oferecer com mais qualidade os seus frutos. Se foi plantada num lugar errado, ou à sombra de muitos elementos, podem nem germinar e muitas vezes nem se tornar uma árvore. Aquelas mangueiras estavam todas recebendo a energia de uma fonte primordial, além da luz do sol. E no seu início a boa terra adubada, a água, favorecendo o crescimento forte e saudável, e então cumprindo com plenitude o propósito de sua existência.

 

A nossa semente, como seres humanos, foi sempre semeada e plantada em seu devido e exato lugar, sem erro, sem nenhuma dúvida de ter sido em solo infértil, seco ou inapropriado. Nascemos todos onde deveríamos realmente ter nascido, no lugar ideal para germinar, florescer e dar frutos.

E um dia necessitamos nos tornar árvores.

Num processo natural vamos formando raízes, crescendo, solidificando o nosso tronco e dando origem aos galhos, às folhas e aos frutos. Cada um em seu processo individual e pessoal, mas todos em constante crescimento.

Você já se tornou uma árvore?

Que tipo de árvore você é?


IV. A dor e o potencial da poda.


O senhor avô se levanta para interceder num desentendimento entre os meninos. Muito calmamente fala com um deles, e tudo se resolve de maneira rápida e satisfatória.

De volta ao seu banquinho, senta-se e continua a observar o tal garoto. Aparar as arestas!

As árvores, dependendo da necessidade e do estado do momento, precisam ser podadas. Às vezes somente as folhas, às vezes poda-se galhos. E muitas vezes poda-se muitos galhos.

 

Em que estado se encontra a sua árvore neste exato momento?

 

Reconhecer o nosso estado, saber como de fato estamos, saber quem realmente somos. Reconhecer os tipos de frutos que possuímos, e que tipo de frutos estamos gerando. Se estamos certos e felizes com as suas qualidades, ou se de repente nos encontramos infelizes, em decorrência da invasão de alguma praga. Muitas vezes nem notamos a presença das pragas, que sutilmente vão entrando pelas bordas, atingem as folhas, se estendem aos galhos, e já no tronco próximo das raízes condenou boa parte da estrutura. Não restando outra opção a não ser eliminar as folhas, cortar os galhos, necessitando de uma grande e extensa poda geral. Energia sugada e comprometida, e então pedindo altas doses de recursos para se processar a cura. Nesse estado, nutrientes certos devem ser explorados; nem tudo o que se quer, mas tudo o que se deve.

 

Que pragas foram essas que quase te mataram? Geralmente as pragas nos pregam grandes peças. Insinuam-se como vindas de causas exteriores, mas se originam sempre de causas interiores, criadas e permitidas por nós mesmos; consequências de nossas próprias atitudes, erros ou enganos. Reconhecê-las e não mais alimentá-las, eliminá-las. Afinal, a verdadeira cura se processa sempre de dentro para fora.

 

Seja qual for o estado que nos encontremos, uma esperança sempre há de existir. Determinemos para nós essa esperança, determinemos os frutos que queremos gerar. Mesmo que tenhamos sofrido e necessitado de grandes podas, com galhos e troncos cortados. Ainda assim, toda árvore tem o poder de se regenerar, do seu tronco nascem novos galhos, dos seus galhos novas folhas. E num brotar de novos ramos, novas raízes. O ramo cortado que não produzia frutos, necessidade tinha de ser eliminado; e o ramo podado que produzia frutos, produzirá muito mais frutos ainda. Esse é o princípio de uma árvore, que se liga e se alimenta de uma fonte soberana. A árvore cresce em direção à luz. Conectada à fonte estarão suas raízes, de onde receberão o seu alimento, a sua água pura e cristalina, esteja ela onde estiver.


V. As sementes não germinadas.


Não muito longe dali, uma mangueira de menor porte estava praticamente condenada. Uma grande parte de seus galhos estava seca, mas nos galhos verdes ainda se viam frutas. O senhor avô lamentava conosco aquele triste cenário, pois ainda no ano anterior estava verde e viçosa. O intenso frio do inverno deve ter sido rigoroso demais para ela, e se deixou abater pelas pragas; assim ele acreditava.

 

Conversamos sobre os ciclos incessantes da vida, das glórias às intempéries. Muitas experiências afloraram em palavras, ricas trocas de visões, e variados diferentes ângulos de observações.

 

Complementei com um provérbio japonês que diz: “Uma árvore seca, uma vida que deu o melhor de si; e mesmo seca se destaca pela sua existência.”

 

Assim, neste plano tridimensional, todos nós seres viventes haveremos de um dia chegar, deixando porém o nosso legado. Legado que deixará a marca de nossa existência não só neste plano, mas em outros planos, superiores ou não; afinal conosco carregaremos sempre todos os nossos frutos, sejam eles bons ou não. Portanto, sábio é olharmos, analisarmos e reconhecermos a nossa árvore e os nossos frutos. A situação que se encontra a nossa vida, em todas as suas áreas, seja conjugal, financeira, de trabalho, relacionamentos etc., mostra os tipos de frutos que temos dado. O que vemos nas nossas vidas são os frutos da árvore que somos. Se acaso ainda não estivermos gerando bons frutos, tempo há de lançar as sementes; afinal cíclicas são as estações. Viremo-nos para a Luz, assim germinarão as nossas sementes adormecidas.

 

Afinal, onde estão as sementes, que na sua essência, carregam dentro de si o amor, a paz, a alegria, a caridade, a fé, a mansidão, a temperança, a bondade?

Em essência todos temos essas sementes, e por que então muitas não germinam?

O que está impedindo isso?

Quais são os valores que imperam e dominam nossas vidas?

Estamos felizes ou infelizes por estarmos enterrando nossos verdadeiros talentos, ao invés de aflorá-los e distribui-los como bons frutos? Quais são as nossas razões?

 

E estamos no verão, e estamos na época das frutas mangas, que nesse ápice atingem maior doçura. E mesmo oferecendo toda sua doçura, a árvore sofre sem se lamentar, com as pedradas em busca de suas doces frutas. Ela resiste, prossegue ciclicamente com início, meio e fim, não desistindo jamais em nenhum de seus ciclos, de oferecer todos os seus frutos, com toda sua graça e generosidade. As árvores que não produzem frutos nunca serão apedrejadas. Somente aquelas que produzem, é que serão sempre alvos de pedras e ataques às suas frutas.

 

Meditemos sobre isso, você apedreja ou é apedrejado?

Tal atitude muito falará, por si só, da sua real situação de vida.

 

Revigorados pelos ricos momentos, compartilhados sob a refrescante sombra das mangueiras, nós nos despedimos do senhor avô, levando em nossas mãos não somente uma doce fruta, mas a sabedoria dessas grandes árvores. Essas grandes árvores que aprofundam suas raízes nas entranhas da terra, trazendo para a superfície lindas flores, doces frutas, fartas folhas compondo lindas copas, a nos alimentar corpo e alma.

 

Com maestria nos ensinam a importância de gerar bons frutos, da alegria de proteger, abrigar, e compartilhar do frescor de sua sombra, nos alimentando e encantando com a sua autêntica beleza.

 

A genuína alegria se expressa na manifestação de nossos frutos, dignos e sinceros, verdadeiros talentos liberados ou a serem liberados e conquistados, por meio da nossa vontade.

 

Como estão os seus talentos, e os seus frutos?

 

Reconhece-se os frutos pela sua árvore, e a árvore pelos seus frutos.


 

Esta é uma obra editada sob aspectos do cotidiano, retratando questões comuns do nosso dia a dia. A crônica não tem como objetivo trazer verdades absolutas, e sim reflexões para nossas questões humanas.

 

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