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Crítica | Sereias

Redação neonews
há 3 dias
3 min de leitura

Minissérie da Netflix Sereias reúne elenco talentoso, mas tropeça ao tentar misturar drama, mistério e humor sem consistência

(Foto: Divulgação)

Criada por Molly Smith Metzler responsável por Maid, um dos maiores acertos da Netflix em 2021 , Sereias surge com uma premissa curiosa e um trio de protagonistas de peso. Criada por Molly Smith Metzler, que também criou a sensacional Maid (2021), Sereias conta a história de Devon (Meghann Fahy), que precisa da ajuda da irmã Simone (Milly Alcock) para cuidar do pai com demência.

Logo no início, o roteiro já apresenta um fio condutor promissor: a busca de Devon pela irmã em uma mansão litorânea excêntrica, onde Simone vive sob a asa de Michaela ou Kiki interpretada por Julianne Moore. “A vida de Devon é um trem descarrilhado, mas ela faz o que pode, e quando Simone não responde as mensagens e nem atende ligações, a moça resolve ir buscá-la pessoalmente em uma luxuosa propriedade litorânea onde ela trabalha como assistente de Michaela (Julianne Moore), uma mulher muito rica por quem Simone parece ter verdadeira adoração.

Apesar de uma ambientação sedutora e clima de mistério, a produção esbarra em um problema recorrente nas séries que buscam criticar a elite contemporânea: o desequilíbrio entre tom e propósito. A tentativa de satirizar a excentricidade dos ricos da vez cai por terra quando há um forte desequilíbrio entre o drama e o humor, que não ornam com as estranhezas que a produção propõe.”

Mesmo com cenas visualmente interessantes e atuações envolventes, a narrativa se perde. É como se algumas cenas funcionassem isoladamente, mas não se conectam muito bem com o que a série constrói e como desenvolve seus personagens.”

O destaque, sem dúvida, está nas atrizes principais. As três protagonistas estão excelentes nos papéis e é uma pena que o material não esteja à altura.” Fahy surpreende no humor, Alcock mostra versatilidade e Moore entrega uma performance enigmática, ainda que sem grandes momentos. O elenco masculino, por outro lado, pouco tem a acrescentar à história.

Outro ponto fraco da minissérie está em seus personagens pouco aprofundados.

Felizmente, são apenas cinco episódios, mas desde o primeiro os problemas aparecem. As protagonistas são apresentadas como estereótipos, mas o texto não as leva para além da casca.

Há também um esforço de inserir camadas simbólicas à história especialmente com a metáfora das sereias que acabam soando mais como ruído do que significado real. É a metáfora que a minissérie tenta fazer com suas personagens principais. Devon e Simone colecionam ficantes apaixonados por elas, enquanto Kiki recebe a adoração da alta sociedade.

Com mistérios mal resolvidos e um final que aposta em reviravoltas pouco convincentes, Sereias tropeça nas próprias ambições. E o final, uma sucessão de atropelos convenientes para que resultem em uma reviravolta pífia e previsível, coloca tudo a perder.

No fim, o que deveria ser uma crítica sofisticada ao comportamento da elite vira um exercício de pretensão que não se sustenta. “Um dos maiores problemas de uma produção pretensiosa não é ela ser pretensiosa até porque foi isso que faz ela ter algum destaque , é quando ela se leva tão à sério que não consegue sequer entreter, como é o caso aqui, e se não fosse pelo elenco, praticamente nada se salvaria.