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Crítica | IT: Bem-Vindos a Derry – O medo que voltou… mas esqueceu de assombrar

Redação neonews
há 9 horas
3 min de leitura

A HBO tenta expandir o universo de Pennywise em IT: Bem-Vindos a Derry, mas acaba trocando o terror psicológico pela dependência de referências e efeitos

(Foto: Divulgação)

“IT: Bem-Vindos a Derry” (2025) chega carregando um peso enorme: o de ser o prelúdio de uma das histórias de terror mais icônicas do cinema moderno. Produzida pela HBO e comandada por Andy e Barbara Muschietti ao lado de Jason Fuchs o mesmo trio por trás dos filmes, a série prometia mergulhar nas origens do mal que assombra a pequena cidade de Derry. E embora o resultado entregue visuais grandiosos e momentos de puro fan service, falta à produção o verdadeiro medo que fez de IT: A Coisa um fenômeno.

Do início ao fim, a sensação é de que “Derry” foi construída para agradar os fãs mais do que para contar uma história nova. O primeiro episódio já estabelece o tom: uma colagem de referências, rostos conhecidos e ambientes familiares que parecem gritar “olha, você lembra disso?”. É bonito de ver, mas vazio de sentido. O roteiro percorre diferentes épocas na cidade, explorando como o mal se manifesta em cada geração. A proposta é ambiciosa, mas a execução se perde na necessidade de explicar tudo e, em terror, explicar demais é o primeiro passo para perder o encanto.

(Foto: Divulgação)

Tecnicamente, a série é impecável. A fotografia escura e os enquadramentos amplos evocam o melhor estilo HBO, com uma produção que impressiona visualmente. O design de produção cria uma Derry viva e opressora, cheia de detalhes e segredos. Mas quando o horror entra em cena, algo se quebra. “A aposta em monstros criados a partir de CGI com pouco espaço para suspense e mistério” torna o terror mais visual do que psicológico e, ironicamente, menos assustador. É tudo muito bem feito, mas pouco memorável.

A ausência de sutileza é o maior inimigo da série. Em vez de deixar o espectador sentir o medo se aproximando, “Bem-Vindos a Derry” o entrega de bandeja. Pennywise (novamente interpretado por Bill Skarsgård) é usado quase como uma marca registrada, uma lembrança constante de algo que já funcionou. A decisão de escondê-lo até o meio da temporada seria brilhante se o roteiro não insistisse em deixá-lo pairando como uma sombra sem propósito. O medo, que antes nascia da sugestão, agora vem da repetição.

O elenco entrega performances competentes, especialmente entre os adultos. Há destaque para o núcleo militar e de investigação, que tenta equilibrar a narrativa com temas de paranoia e poder. Já o grupo de crianças, que deveria ser o coração da trama, sofre por ser uma cópia pálida dos filmes. A química é quase inexistente, e a construção de personagens parece feita sob medida para um roteiro de “universo compartilhado”, não para um drama de terror genuíno.

(Foto: Divulgação)

O trio Muschietti-Fuchs deixa clara sua experiência com franquias. O DNA hollywoodiano de grandes produções é visível em cada detalhe: ritmo acelerado, sustos previsíveis e uma mitologia superexplicada. Há momentos de brilho, pequenas cenas de melancolia, flashbacks bem construídos e ecos do terror existencial de Stephen King, mas eles se perdem entre tentativas de “conectar tudo” e criar um universo expandido que ninguém realmente pediu. No fim, o medo dá lugar à familiaridade, e o mistério se dissolve em CGI.

“IT: Bem-Vindos a Derry” é um espetáculo visual que carece de alma. Funciona como curiosidade para fãs, mas falha como obra independente. A promessa de descobrir as origens do mal se transforma em uma jornada previsível, que prefere assustar pelos olhos do que pelo coração. Pennywise está de volta, sim! Mas o verdadeiro terror, aquele que nos fazia olhar para os ralos com medo, parece ter ficado no passado.

Opinião pessoal: "Bem-vindos a Derry me deixou dividida. Visualmente, é incrível a atmosfera, a direção de arte, o retorno de Skarsgård… tudo funciona. Mas falta o arrepio na espinha, aquele medo que te persegue depois do episódio acabar. Mesmo com todos os exageros, ainda há lampejos do terror que um dia fez IT ser inesquecível. Só espero que, na próxima vez, o medo volte a ter mais silêncio e menos CGI."

Você acha que o medo ainda pode sobreviver num mundo saturado por universos compartilhados? “Bem-Vindos a Derry” conseguiu te assustar ou só te fez sentir saudade do Pennywise original?