Crítica | Call of Duty: Black Ops 7 – O disparo que treme, mas não acerta o alvo
- Redação neonews

- há 7 horas
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Um capítulo ousado e intenso que tenta reinventar a franquia de Call of Duty, mas se perde entre exageros, rupturas e uma identidade que escapa pelas mãos

(Foto: Divulgação)
Call of Duty: Black Ops 7 é um daqueles jogos que fazem barulho antes mesmo do lançamento. A combinação entre mudanças radicais de mecânica, expectativas astronômicas e um clima de “reinvenção urgente” criou uma narrativa em torno do game que quase ofusca o próprio conteúdo. Desde os primeiros testes em Las Vegas, ficou evidente que a intenção era levar o frenetismo ao limite: o Omnimovement, já intenso em BO6, chega aqui elevado ao extremo com corridas nas paredes e sequências tão rápidas que quase desafiam o olhar humano. É uma expansão mecânica ousada, e justamente por isso, tão divisiva. Para alguns, um sopro de adrenalina; para outros, a ruptura final com o que tornava CoD, CoD.
Se o gameplay tenta romper fronteiras, a campanha, infelizmente, tropeça feio nessa mesma ambição. Milo Ventimiglia e Kiernan Shipka entregam atuações dedicadas, mas são engolidos por uma narrativa confusa, que se apoia demais em alucinações, distorções e um surrealismo que flerta com o exagero absoluto. Em pouco mais de cinco horas, o jogador passa de facões gigantes caindo do céu a confrontos com zumbis colossais, tudo graças à substância Cradle. A fronteira entre realidade e delírio, que poderia ser um recurso narrativo potente, se torna um caos que desconecta o público. Em vários momentos, a campanha parece mais um Zombies estendido do que uma história de guerra.
Essa sensação se agrava quando percebemos que o enredo tenta tocar em temas modernos como inteligência artificial, mas tudo isso fica soterrado por escolhas estéticas e narrativas que parecem deslocadas. Há até momentos em que o uso de IA generativa na própria construção do jogo é perceptível, algo que causou desconforto entre muitos fãs. Por outro lado, ao menos o progresso universal permite que o tempo gasto na campanha sirva para desbloquear armas e perks no multiplayer, o que ameniza a frustração e mantém o jogador motivado a seguir adiante.
No multiplayer, o coração da franquia, Black Ops 7 mostra onde ainda brilha. O combate permanece delicioso. O som do hitmarker ainda é um dos prazeres mais icônicos do mundo dos shooters, e mesmo com pulos acrobáticos e movimentos dignos de Prince of Persia, atirar continua sendo a parte mais satisfatória da experiência. As especializações mistas adicionam profundidade real, valorizando jogadores que experimentam e montam combinações inteligentes de perks. A possibilidade de copiar o inventário de outro jogador ou os setups de criadores de conteúdo também injeta frescor ao ritmo competitivo.
No entanto, por mais que o multiplayer esteja afiado, CoD é uma franquia que vive da comunidade. E é justamente a comunidade que tem levantado bandeiras amarelas. Uma parcela significativa dos fãs já aponta que BO7 não atingiu as expectativas, especialmente quando comparado ao sucesso inesperado de Battlefield 6. Alguns dados indicam até que Black Ops 6 tem vendido mais nas últimas semanas, o que soa como um alerta importante para a Activision. Há uma sensação crescente de que a franquia chegou a um ponto de saturação, em que nem a intensidade mecânica, nem o espetáculo visual conseguem disfarçar problemas estruturais.

(Foto: Divulgação)
Esse momento de turbulência levanta uma pergunta inevitável: será que é hora de mudar a forma como CoD é produzido? Os lançamentos anuais sempre fizeram parte do DNA da série, mas talvez o rodízio entre Treyarch, Sledgehammer e Infinity Ward precise ganhar um novo reforço, como a própria Raven. Black Ops 7 não falha por falta de orçamento, nem por problemas técnicos graves. Ele falha porque algumas de suas ideias simplesmente não conversam com o que o público deseja — e outras sequer são boas o suficiente para convencer.
No fim, Black Ops 7 é um jogo que tenta muito, acerta pouco e expõe as rachaduras de uma franquia que precisa repensar o futuro. Ainda entrega bons momentos, especialmente no multiplayer, mas é impossível ignorar o peso das escolhas equivocadas. Se Black Ops 6 parecia apontar um novo rumo, BO7 deixa claro que talvez esse rumo precise ser recalculado antes que a série perca mais do que pode recuperar.
Opinião pessoal: "Sinceramente, BO7 me deixou dividida. O multiplayer ainda é divertido, viciante e cheio de boas ideias, mas a campanha… nossa, ficou difícil de defender. As loucuras narrativas tiram você da imersão, e o excesso de movimentos acrobáticos nem sempre parece CoD. Ainda dá para aproveitar, claro, mas para mim, a franquia precisa parar, respirar e se reencontrar urgentemente."
E você, jogou Black Ops 7? Achou a revolução necessária ou acredita que a franquia se perdeu?
Ficha Técnica
Nome: Call of Duty: Black Ops 7
Tipo: Jogo
Onde jogar: Microsoft Windows, Xbox One, Xbox Series X/S, PlayStation 4 e PlayStation 5
Categoria: Tiro / Aventura
Nota 2/5


