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Crítica | Thunderbolts*

  • Foto do escritor: Redação neonews
    Redação neonews
  • 30 de abr.
  • 3 min de leitura

Thunderbolts*, filme da MCU encara sua ressaca com um filme autoconsciente, corajoso nas ideias, mas tímido na forma


Filme - Thunderbolts*
Filme - Thunderbolts*

(Foto: Divulgação)



Thunderbolts* chega como um suspiro amargo de um universo cinematográfico que parece ter percebido, enfim, que não é mais invencível. Distante dos dias gloriosos de Vingadores: Ultimato, o longa abraça a melancolia da “fase cinza” do MCU, apostando em metalinguagem e personagens marginalizados para comentar — com um pé no sarcasmo e outro no desalento — a atual fadiga do gênero. Sob o comando dos roteiristas Eric Pearson (Thor: Ragnarok) e Joanna Calo (The Bear), o filme nasce da crise, fala da crise e quer se libertar da crise, ainda que, por vezes, pareça afundar nela junto com seus protagonistas.


A trama gira em torno de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), a enigmática diretora da CIA que, diante de uma investigação iminente, precisa "limpar a casa" e acionar um time de ex-operativos comprometidos e problemáticos: Yelena Belova (Florence Pugh), John Walker (Wyatt Russell), Fantasma (Hannah John-Kamen), Treinadora (Olga Kurylenko) e Bucky Barnes (Sebastian Stan). A missão os coloca em rota de colisão com o Sentinela (Lewis Pullman), símbolo de uma tentativa desesperada de recriar um herói ideal, domesticado e midiático. O embate, metafórico e literal, acontece num edifício abandonado que um dia celebrou o ápice dos Vingadores, hoje reduzido a entulho narrativo — e essa imagem vale mais do que mil CGI.


O roteiro tem méritos. A ideia de colocar figuras “rejeitadas” para confrontar a fabricação industrial do heroísmo, e de usar isso como espelho para o esgotamento do próprio estúdio, é inteligente — ainda que um tanto óbvia. O texto evita o humor pastelão que desgastou parte da base do MCU nos últimos anos e busca, com algum sucesso, dinâmicas mais humanas e cínicas entre seus anti-heróis. Destaque absoluto para Florence Pugh, cuja Yelena é a âncora emocional do filme: carismática, ferida e ainda assim obstinada, ela dá peso a um arco de luto e identidade que se sustenta mesmo em meio ao caos narrativo.


Infelizmente, nem todos no time compartilham da mesma complexidade. Bucky, apesar do apelo visual, parece cada vez mais um fantasma de si mesmo; John Walker ainda é definido mais pelo que fez do que pelo que é; e Fantasma e Treinadora mal conseguem emergir da névoa de diálogos genéricos e funções utilitárias. A química entre eles existe, mas é intermitente — e o esforço do roteiro em fazer deles uma “família disfuncional” não chega a emocionar como deveria. Sente-se o potencial, mas falta pulso para explorar as contradições que tornariam esse grupo verdadeiramente fascinante.


A direção de Jake Schreier (Treta, Cidades de Papel) reforça essa sensação de oportunidade perdida. Em um projeto que pedia estilo, Schreier entrega burocracia. A fotografia dessaturada de Andrew Droz Palermo (O Cavaleiro Verde) até tenta criar uma aura sombria, mas acaba reafirmando o tédio visual que há anos assombra os filmes da Marvel. A trilha sonora de Son Lux, compositores de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, quer evocar angústia existencial e pertencimento, mas esbarra num roteiro que raramente permite que a música diga mais do que a imagem sugere.


No campo das ideias, porém, Thunderbolts* é mais ousado do que parece. Seu subtexto sobre a falência moral do MCU — e da indústria — ecoa como um pedido de desculpas mal disfarçado. A cena final, com Yelena encarando o antigo salão dos heróis agora em ruínas, funciona como metáfora potente: o heroísmo não está mais onde costumava estar. Mas também escancara a limitação do próprio filme em erguer algo no lugar. Há intenções nobres, há tentativas sinceras, mas o terreno é instável demais para sustentar um novo legado.


No fim, Thunderbolts* é menos uma redenção e mais um inventário. Um filme que reconhece os escombros, mas hesita em reconstruir com ousadia. Ele quer nos convencer de que ainda é possível acreditar em heróis — não porque eles sejam grandiosos, mas porque, mesmo quebrados, eles ainda tentam. Uma mensagem que comove, sim, mas que, como o próprio longa, chega atrasada e incompleta. Ainda assim, no meio da fadiga, talvez esse esforço já seja mais do que muitos esperavam.




Ficha Técnica


Nome: Thunderbolts*

Tipo: Filme

Onde assistir: Cinemas

Categoria: Ação/Aventura

Duração: 2 horas 06 min


Nota 3/5



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