Alterações de temperatura e propagação de partículas foram tão intensas que afetaram desde auroras boreais até sistemas de GPS
(Foto: Divulgação)
Uma supertempestade geomagnética que ocorreu em maio deste ano gerou uma série de anomalias atmosféricas sem precedentes, afetando desde a visibilidade das auroras boreais até o funcionamento de sistemas de GPS. Segundo especialistas, “essa foi a supertempestade mais forte ocorrida nos últimos 20 anos.”
Em 11 de maio, um fenômeno raro ocorreu quando a aurora boreal, normalmente visível em latitudes mais altas, foi avistada em estados do Sul dos Estados Unidos. “O brilho da aurora boreal que ocorreu em maio e que pôde ser avistado em estados no Sul dos EUA ocorreu porque durante as tempestades geomagnéticas solares há uma quantidade muito maior de partículas energéticas carregadas no espaço ao redor da Terra.”
Além das impressionantes luzes no céu, alguns agricultores relataram problemas com sistemas de GPS de seus tratores, tanto nos EUA quanto no Canadá. Esses eventos foram diretamente influenciados pela supertempestade geomagnética.
Scott England, físico e professor associado no Departamento de Engenharia Aeroespacial e Oceânica do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (Virginia Tech), explica que “as luzes do norte são causadas por partículas energéticas e carregadas que atingem a nossa atmosfera superior [Termosfera], que são impactadas por vários fatores no espaço, incluindo o Sol.” England, coautor de dois estudos sobre as anomalias causadas pela tempestade, destaca que o brilho das auroras foi ampliado devido à intensa atividade geomagnética.
A supertempestade foi rastreada pela equipe de England com a ajuda do satélite GOLD, da NASA, que monitora a temperatura e a composição de gases na ionosfera. O equipamento revelou que a tempestade foi a mais potente das últimas duas décadas.
Entre as descobertas, England observou a formação de “padrões de redemoinho” e vórtices de grande escala, que resultaram em movimentações de ar muito mais intensas do que um furacão comum. Além disso, a tempestade trouxe partículas carregadas que se dividem em dois grupos: baixa e alta energia. As partículas de alta energia podem afetar gravemente a saúde de astronautas e danificar equipamentos eletrônicos, enquanto as de baixa energia podem prejudicar GPS, satélites e até mesmo a rede elétrica.
A situação se torna ainda mais intrigante com a possibilidade de que eventos semelhantes possam ocorrer nos próximos meses. Os cientistas continuam monitorando a atividade solar para prever e mitigar os impactos de futuras supertempestades geomagnéticas.
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