Filme estrelado por Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep diverte com críticas óbvias
(Netflix/Divulgação)
No cinema blockbuster de Hollywood, ainda há certo espaço para produções que entretém, e que também trazem reflexões assertivas. Contudo, o problema desses filmes é cair na armadilha de fazer críticas muito escancaradas, que podem acabar soando maniqueístas. Não Olhe Para Cima, a nova superprodução da Netflix com um elenco de astros, quase peca nesse sentido; mas o humor intervém e causa divertimento nas horas mais didáticas.
Na trama lançada na última sexta-feira (24), uma dupla de astrônomos faz a descoberta de que um meteoro destruirá a Terra em breve. Nisso, os personagens de Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence, que entregam performances divertidas no filme, partem para buscar ajuda do governo dos Estados Unidos e a imprensa; e são ignorados na cara dura. A própria presidente dos EUA, na pele da atriz Meryl Streep, desdenha de que o pior possa acontecer, e essa é apenas a ponta do iceberg.
As situações vão de mal a pior: os astrônomos são desdenhados e desacreditados, e a internet toma conhecimento do assunto. Celebridades, personalidades da televisão e até CEOs de companhias de tecnologia se metem no assunto para opinar ou, com muita sorte, ajudar o planeta a se salvar do meteoro. O desastre em Não Olhe Para Cima, de certo modo, parece iminente.
A crítica feita pelo diretor Adam McKay, que também roteirizou o filme, está na ignorância perante a ciência e como a tal "opinião pública" é crucial para o andar da sociedade. E isso fica muito claro. Os arquétipos satirizados no filme (um político narcisista, uma celebridade fútil, um cientista visto como louco e por aí vai), ficam escancarados na produção, e não inovam muito. Neste aspecto, a impressão que fica é a de assistir uma esquete de humor bem longa, daquelas produzidas em canais do YouTube: irônicas, retratando a vida real e que valem um likezinho.
O problema do filme é, justamente, tentar se pagar demais como uma "crítica social disfarçada de comédia". Ao se prestar atenção em Não Olhe Para Cima, as representações já ficam nítidas, e a necessidade de sempre querer bater nesta tecla quase deixa a trama enfadonha; mas o roteiro trabalha com quebras certeiras nessas horas. Por pouco o blockbuster não torna-se cringe do começo ao fim, principalmente com as cenas absurdas da presidente americana e seu chefe de gabinete, feito pelo ator Jonah Hill.
Contudo, há uma boa mensagem por trás de tudo isso. Como mencionado antes, Não Olhe Para Cima aborda o negacionismo de forma satirizada para divertir, mas também como um alerta. A sociedade atual, com uma preocupação acerca do meio ambiente cada vez maior, deve manter este alerta em relação às divergências climáticas de nosso tempo; e este é o "meteoro" de hoje. O que McKay realiza, usando de gírias contemporâneas da internet, é uma grande "farofa" que conscientiza e entretém o público, e não é muito difícil sacar isso.
Leia a crítica anterior do portal aqui: 'Homem-Aranha: Sem Volta para Casa' faz jus a grandeza e importância do personagem
E a respeito do cast, a química do elenco rende. Com DiCaprio, Lawrence, Streep, Cate Blanchett, Tyler Perry, Timothée Chalamet e até mesmo a cantora pop Ariana Grande, é divertido ver todos estes nomes num lugar só. Mesmo que algumas dinâmicas saiam um tanto enfadonhas às vezes (como a relação aleatória entre os personagens de Jennifer Lawrence e Chalamet), é simplesmente legal olhar como a Netflix pôde reunir tanta gente cara em uma única produção.
No fim das contas, Não Olhe Para Cima é uma história de mocinhos e vilões, e um olhar atento percebe que muito deste maniqueísmo existe, doa a quem doer. Com cada vez mais frequência, é visto em noticiários do mundo todo as estratégias que países realizam para salvar a Terra, enquanto outros não se importam. É uma boa sátira, mas que não inova e é boa de se assistir ao mesmo tempo. Ao conferir o filme, o público identificará figuras políticas e influencers nos personagens, que fazem de tudo pelos cinco minutos de fama em cima de alguma catástrofe ambiental.
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