Ligações que Caem em Segundos | O Que os Robôs Realmente Querem?
- Redação neonews
- há 13 minutos
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Ligações automáticas irritam, mas têm um propósito oculto — descobrir se você está “vivo” e disponível para ser alvo

(Foto: Divulgação)
Quem nunca se irritou com uma ligação que cai assim que você atende? "Atendeu e a ligação caiu? Saiba como robôs usam chamadas como 'provas de vida'" — o título já resume um fenômeno que, apesar de incômodo, está longe de ser aleatório.
"Quem nunca recebeu uma ligação indesejada? Uma oferta de telemarketing, um aviso falso de que você ganhou na loteria ou, pior ainda, um golpe." Essas situações estão se tornando rotina no Brasil, onde se estima que "por mês, aproximadamente 20 bilhões de ligações são feitas, sendo 10 bilhões delas realizadas por robôs."
Essas chamadas automáticas, conhecidas como robocalls, são geradas por sistemas computadorizados e têm como meta alcançar milhares de pessoas por minuto. "Elas duram, em média, apenas seis segundos, tempo suficiente para identificar se a linha está ativa." É por isso que, ao atender, a ligação pode cair imediatamente — o objetivo já foi cumprido.
"Eu não sei qual é a finalidade disso", diz um morador, refletindo o desconforto de muitos. Mas essa aparente falta de sentido esconde uma estratégia: "o fato de a ligação cair é, na verdade, uma técnica chamada 'prova de vida'."
"Se a ligação é atendida, isso indica que o dono da linha está vivo e ativo", explica Cristiana Camarate, superintendente de Relações com Consumidores da Anatel. Isso permite que sistemas filtrem os números realmente usados e os entreguem a empresas de telemarketing, que então passam a direcionar campanhas apenas para contatos com maior chance de retorno.

(Foto: Divulgação)
"Quando a gente recebe essa base telefônica, a gente tem que testar para saber se os clientes estão ativos", conta um ex-funcionário de call center. A ideia é reduzir tempo e custo com números inválidos ou desligados.
Mas, para os consumidores, o impacto é real. "A empresária Rosaura Brito, de Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul, recebe entre 30 a 40 chamadas por dia." Mesmo cadastrada no site "Não Me Perturbe", a enxurrada de ligações continua. "Eu estou trabalhando, e o telefone não para de tocar", conta.
Ignorar números desconhecidos virou uma autodefesa comum — mas não é sem consequências. "Rosaura se vê obrigada a não atender números desconhecidos, mas isso pode resultar em problemas, como o ocorrido com Gabriela Scholl, funcionária pública de Santana do Livramento, que perdeu a oportunidade de fazer um exame médico porque não atendeu a uma dessas chamadas."
O excesso de chamadas automáticas afeta até serviços essenciais. "Essas chamadas também afetam serviços essenciais, como hospitais." No fim das contas, o que parece ser só mais uma ligação chata é parte de uma engrenagem complexa — e invisível — que segue nos rastreando a cada toque não atendido.