Descubra como os "cofres do fim do mundo" garantem o futuro das plantas em meio a catástrofes
(Foto: Divulgação)
O fascínio pelo funcionamento dos bancos de sementes, popularmente conhecido como "cofres do fim do mundo", torna-se ainda mais evidente a cada ano que passa. Mas afinal, como essas instituições garantem a preservação da biodiversidade em caso de catástrofes?
Svalbard: O Refúgio Gelado no Polo Norte
No extremo norte da Noruega, próximo ao Polo Norte, encontra-se o renomado Silo Internacional de Sementes de Svalbard, inaugurado em 2008. Originado a partir da fusão do Nordic Gene Bank, que datava desde 1984, e outros dois bancos locais, o projeto recebeu investimentos de US$ 8,8 milhões do governo norueguês e países nórdicos parceiros.
Com capacidade para armazenar até três milhões de plantas, o banco abriga atualmente mais de um milhão de amostras, incluindo cerca de quatro mil sementes de alimentos provenientes do Brasil. Localizado a 100 metros dentro de uma montanha, o cofre mantém as sementes a uma temperatura de -18 °C, contando também com o permafrost, solo congelado, que assegura a conservação entre -4 e -6 °C, mesmo em caso de falha no sistema de refrigeração.
A imponente entrada do banco, destacada pela obra "Repercussão Perpétua", criando um cenário único. Desenvolvida pela artista norueguesa Dyveke Sanne, a instalação de fibra óptica reflete a beleza da aurora boreal, adaptando-se às condições de luz solar no verão e emitindo uma iluminação azul-esverdeada nos longos meses de inverno, quando Svalbard experimenta o "sol" da meia-noite".
Suíça: Preservando a Biodiversidade em Freezers
Na Suíça, a Universidade de Zurique lidera uma iniciativa que visa combater a diminuição da biodiversidade no país. Iniciado em 2021, o projeto liderado pelo cientista Gregory Jäggli e sua equipe de voluntários concentra-se na coleta de sementes de plantas destacadas na lista de espécies ameaçadas de extinção pela IUCN.
Embora idealmente busquem coletar de 10 a 20 mil sementes de uma planta, o cuidado é essencial para não prejudicar a reprodução natural da espécie. Após a coleta, as sementes são submetidas a um processo de secagem rigoroso na Universidade, atingindo apenas 5% de umidade para facilitar o congelamento. Posteriormente, são armazenados em freezers a -20 graus Celsius.
Surpreendentemente, 95% das espécies preservadas dessa maneira na Suíça mostram-se resilientes ao processo. Com a capacidade de permanecerem guardadas por décadas nos freezers, essas sementes podem ser descongeladas e replantadas quando necessário.
Tanto o Silo Internacional de Sementes em Svalbard quanto o banco suíço desempenham um papel vital na preservação da biodiversidade global. Em 2015, o banco norueguês foi acionado pela primeira vez, demonstrando sua importância quando amostras botânicas da Síria foram perdidas durante a guerra civil no país. Esses “cofres do fim do mundo” não apenas simbolizam a esperança para o futuro, mas também a resiliência da natureza diante dos desafios imprevistos que o mundo possa enfrentar.
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