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  • Foto do escritorOtavio Yagima

Crônica #99 | Imaginação: os olhos da alma.

Vibrando na criatividade.


capa da crônica 99 Imaginação os olhos da alma. um gatinho flutuando na frente do sol

O que você encontrará nesta crônica:


A imaginação, frequentemente subestimada, é crucial em nossas vidas. Conectada ao mundo das ideias, ela transforma nosso mundo com experiências inovadoras, quando combinada com o poder da vontade. A ausência desse elemento pode levar a uma vida alienada na fantasia, seguindo por um caminho determinado pela mente coletiva. Negligenciar nossa identidade em favor de perspectivas alheias nos afasta de nós mesmos.

Avalie: a sua criatividade está ativa ou adormecida na fantasia? Deixe a imaginação florescer pelos olhos da alma, revelando a plenitude de toda sua potencialidade.


I. O plano das ideias.


Será que dominamos o novo ou conseguimos pensar de forma diferente nas coisas de sempre? 

De onde trazemos as soluções e de que forma podem se manifestar?

 

Fico imaginando de onde surgiram as ideias dos grandes pensadores, filósofos, cientistas e inventores em suas descobertas. O mundo da imaginação faz parte do vasto universo de cada um de nós, constituindo a base de toda atividade criativa humana. Segundo Platão, existe um plano das ideias. Nesse plano sutil, reside todo um conjunto de ideias originais, que podem ser trazidas para o nosso mundo ao serem acessadas pela mente humana e transformadas em projetos.

 

A imaginação é o ponto de partida desse importante processo.

Assim veio a humanidade evoluindo, desenvolvendo, desvendando o plano das ideias e trazendo de lá tudo o que temos neste nosso mundo físico. O universo, em sua totalidade, existe em virtude da imaginação. Tudo aquilo que podemos experimentar através dos cinco sentidos já esteve na imaginação de alguém. O poder da imaginação transcende a lógica, adentrando o campo infinito do potencial, onde todas as possibilidades já existem.


Quando criança, eu gostava muito de desmontar meus brinquedos, e minha imaginação corria solta, mergulhando em múltiplas ideias que surgiam diante das diversas possibilidades imaginadas que se desdobravam com todas as peças desmontadas. Por volta dos meus dez anos de idade, tive uma gatinha frajola que desafiou minha imaginação, induzindo-me a aplicá-la.

 

A gatinha, ainda filhote, tinha o costume de subir numa árvore com altura aproximada de três metros.  Muito falante, subia para miar, e lá miava querendo descer. Descer sozinha? Jamais!! Fosse dia ou noite, com frio, vento ou de madrugada, ela miava escandalosamente, porém não desistia da sua aventura de ser escaladora de árvore. Se a cutucasse com uma vara, ao invés de descer, subia para ainda mais alto. A paciência era desafiada até mesmo na hora do resgate pela tremedeira da gatinha, toda arrepiada, com os olhos estalados, unhas prontas para cravarem no primeiro contato com o que quer que fosse, mãos, braços ou minha roupa. E distribuía arranhões para todos os lados. Necessitava sim de uma urgente solução.

Imaginação: essa ferramenta de potencial fabuloso carrega consigo o poder criador, captando e desenvolvendo as nossas ideias próprias. O mundo da imaginação criadora, tão farto na mente das crianças, quando desenvolvido, não apenas cria, mas revela todo seu potencial latente, de forma a se apresentar visivelmente ao mundo. Ao trazer para fora as possibilidades internas e ao identificar-se com elas, juntamente com a vontade, cria realidades, transforma ideias em fatos, tornando-nos construtores.

 

Diante de tantos gritos de miados e tantos arranhões, decidi então recorrer à física.

Munido de régua, compasso, borracha e lápis, projetei sobre o papel; mesmo sem compreender completamente a lei da ação e reação. E então construí um elevador para a gata. Um tal de risca e rabisca, apaga e redesenha. Calculei o peso da gatinha e, na outra extremidade, como contrapeso, usei areia dentro de uma meia amarrada. Na época, como uma criança, senti que era uma ideia brilhante. Usando cordas, roldanas, contrapeso e uma pequena gaiola, lá estava o meu primeiro projeto de engenharia implantado. 

 

O projeto era perfeito, mas descobri que não se alinhava com a realidade do felino. Quem convenceria     a bendita gatinha a subir na gaiola? Lidar com um gato inseguro era, sem dúvida, uma batalha travada.   Assim, o projeto então passou de engenharia para uma persuasão psicológica. Coloquei ração na gaiola... e nada. Tentei empurrá-la com uma varinha... sem sucesso. Até mesmo borrifar água... foi ainda pior. Então, aprendi que a paciência, aliada à vontade, perseverança e, principalmente, a crença no meu projeto, foi o que me impediu de desistir na busca do sucesso desejado.

Sentei-me na base da árvore, e ela estava lá em cima, agarrada numa forquilha de galhos. Em uma conversa amigável, disse a ela:

 

- “Mixi (nome da gata), vamos entrar em um acordo? Eu não saio daqui debaixo enquanto você não experimentar esse elevador especialmente feito para você”.

 

Um dos meus amigos vizinhos, mais velho que eu e curioso, acompanhou o projeto desde a concepção até a construção. Ele me dizia que não daria certo, pois os gatos não obedecem e nem confiam nos humanos. Afirmava que eu estava perdendo tempo com algo sem importância, que um dia a gatinha aprenderia a descer sozinha. Tentava me convencer de que não valia a pena tanto empreendimento, alertando-me sobre a inutilidade de toda aquela construção.

 

Mas eu não via da mesma forma que ele; desejava muito que a ideia pudesse ser útil.

Imaginar a gatinha usando o elevador me trazia muito entusiasmo e gerava em mim um sentimento muito bom de expectativa, tanto para ajudar a gatinha quanto para o funcionamento em si do meu projeto. Isso era amplificado pela solução de todo o conjunto do problema.


II. O mundo da fantasia.


Hoje, relembrando essa fase de tanta disposição e imaginação fértil, penso em quanto temos em abundância quando crianças. Infelizmente, ao longo de nossas vidas, essa abundância vai se esvaindo, perdendo-se em meio a podas, crenças e tantos outros motivos despercebidos que são absorvidos por nossas mentes distraídas. Ao invés de utilizarmos a imaginação como elemento da criatividade, muitas vezes caímos no convite abundante, ilusório e confortável da fantasia.

 

Esse nosso mundo manifestado é dotado da dualidade, onde temos o claro e o escuro, o frio e o calor, o bem e o mal, e assim por diante. Portanto, a imaginação também possui sua polaridade negativa, que é a fantasia. A imaginação é ativa, enquanto a fantasia, em geral, é passiva. Imaginação e fantasia são dois elementos que nascem no mesmo plano mental, e surgem de forma muito semelhante, sendo, no entanto, muito diferentes uma da outra. Enquanto a imaginação é altamente fundamental e positiva, conduzindo a posturas de ação, pensamento e geração de projeções para realizações futuras, a fantasia não se projeta para se tornar realidade, para concretizar as coisas por si mesma.

 

A fantasia cria um mundo à parte, um universo paralelo onde se desfruta ilusoriamente de um tipo de prazer sem empreender esforço nenhum, assemelhando-se a um sonhar acordado. Muitas vezes, como consequência, desenvolve-se uma propensão à fuga da realidade, por vezes acompanhada por algum tipo de alienação mental. Frequentemente, a fantasia não é criada por nós mesmos, mas sim absorvida do meio em que vivemos, adotando padrões que a sociedade projeta como oficiais e refletindo um modelo da mente coletiva. Não há reflexão, apenas absorção e uma existência mecânica. A fantasia se infiltra pelas frestas de nossa desatenção, nos contamina e, de forma inconsciente, com elementos absorvidos de forma subliminar, torna-se um fator de tensão nas tomadas de decisões e nas respostas que damos à nossa vida.

Imaginação versus fantasia: entendendo, podemos nos construir de forma verdadeira. O homem dotado de imaginação e vontade pode planejar, executar e construir a si próprio, mesmo estando mergulhado, como todos nós estamos, numa mente coletiva. Não seremos controlados ou negativamente influenciados pelo coletivo se tivermos definido dentro de nós os nossos princípios, nossos pensamentos e ideias, se soubermos o que estamos buscando e estivermos baseados em valores nobres. Ter a nossa identidade própria, não aquela fantasiada no coletivo.


 

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III. A construção de si mesmo.


O homem que deseja construir a si mesmo, via de regra, estabelece objetivos e missões; assim, no movimento gerado pela motivação, mobilizando a imaginação, surgem sempre as ferramentas necessárias. Prestemos atenção aos nossos pensamentos internos, pois eles revelam mais sobre nós do que nossas conversas externas. Através da imaginação, somos capazes de influenciar e modificar nossos hábitos automáticos, eliminar antigas crenças e condições limitantes, moldando com cores a vida que desejamos em nossos sonhos. Estabelecer o objetivo mais elevado e dedicar-se a ele até se tornar integralmente parte dele.

 

A criação do elevador para a gata, idealizada pela minha imaginação no plano mental, diante da determinação e perseverança em solucionar a questão, materializou-se como um produto final.  As atitudes e determinações, mantidas num ritmo constante em nossas vidas, tornam-se ferramentas preciosas na idealização e realização de quaisquer projetos.

Enfim, a minha persistência foi maior. No primeiro dia da experiência, após a instalação, passaram-se oito horas. Aguentei firme a sinfonia aguda dos miados e lanchei sentado no chão. Em seguida, estendi a minha mão com um pequeno pedaço de sardinha. Desesperada, ela rumou para a gaiola. Eureka! O elevador começou a descer lentamente, e a gatinha, arrepiada, com os olhos arregalados de susto, permaneceu petrificada, mas desceu até o final. Meus cálculos estavam corretos: uma velocidade de descida suave, peso e contrapeso bem dimensionados, resistência da corda, suporte e roldana. Tudo ocorreu conforme imaginado. Fico imaginando hoje os retrofoguetes da Spacex, seguindo o mesmo princípio numa escala estratosférica.

 

Assim, daquele dia em diante, não ouvi mais os miados desesperados da Mixi. Pela janela da sala, eu a via descendo pelo elevador. Com o passar do tempo, outro desafio surgiu. A gatinha foi crescendo, e seu peso aumentou. Precisei readaptar a gaiola e colocar mais areia na meia do contrapeso. Contudo, certo dia, ela desceu pelo lado errado, e, justamente, o contrapeso prendeu seu rabo. Desde então, ela nunca mais quis saber do elevador, que ficou lá por meses sem uso, e um projeto de excelência tornou-se inútil.

Na busca constante por soluções, mergulhamos no universo das ideias.

A imaginação nos proporciona a sensação de viajar no tempo em busca do que procuramos. Uma vez capturada a ideia, a trazemos para a mente, criamos sua imagem e a tornamos realidade. Quanto mais clareza na imaginação, maior o potencial de realização. A mente é a matriz de toda a matéria. A imaginação é um sentido interno; ela examina e explora o que já temos dentro de nós, portanto, ela não inventa; ela vai criar a essência dos nossos produtos internos já existentes. Ela revela e percebe todo o nosso potencial e as possibilidades existentes, tanto para o bem como para o mal.

 

Temos autoridade sobre nossos pensamentos e ações, liberdade e autonomia nas escolhas; portanto, optemos por realizar aquilo que ecoará positivamente em nossas vidas.

A sabedoria nos impulsiona a desejar o bem dos outros.

A verdadeira busca pela verdade é um processo constante e contínuo que vai nos trazendo e desvendando verdades maiores. Nossa capacidade imaginativa, conectada ao mundo das ideias, pode tornar-se um portal para potencialmente transformar o nosso mundo, criando não apenas objetos que ainda não estão manifestos aqui, mas também novas experiências para nossa existência.

 

Passei minha infância sem ter acesso a nada de tecnologia, e o que vemos hoje é absolutamente tecnológico em todos os aspectos. O poder de imaginação das crianças continua com o mesmo potencial, porém em um cenário e com um arsenal completamente diferente.

 

A tecnologia pode melhorar e desenvolver cada vez mais as ideias já existentes, mas gerar novas ideias continuará sendo tarefa humana.

 

No entanto, hoje estamos tão fartamente servidos que apenas orbitamos em torno das ideias oferecidas, sem muita disposição para canalizar ideias próprias ou novas. Portanto, falta-nos imaginação, criatividade e ainda menos disposição ou vontade.

 

Onde a imaginação dá asas à criatividade, unindo-se à vontade e determinação, haverá sempre um caminho a desbravar. Na ausência deles, ou habituados a uma preguiça mental que se recusa a desenvolver uma vida interior, seguiremos um caminho que já está pronto, idealizado e determinado pelas ideias do coletivo, em um padrão apenas de sobrevivência, alienados no mundo da fantasia.

 

Verdadeiros caminhos de fuga nos conduzem à negação de nossa própria identidade, empurrando-nos para sermos apenas executores de perspectivas alheias, tornando-nos cada vez mais desconhecidos e estranhos para nós mesmos. E o tempo não espera; ele vai passando, e quando percebermos, podemos ter perdido e desperdiçado esse bem mais precioso que recebemos: a vida.

 

A criatividade, originada por meio da nossa imaginação, é capaz de nos guiar por uma jornada interna, onde a forma como pensamos e imaginamos pode transformar nosso destino de acordo com nossa vontade. Afinal, a realidade é maleável e moldável. Permitir que a imaginação floresça é conceder à alma a capacidade de pintar quadros inexplorados, de construir castelos no ar e de trazer à vida visões antes apenas vislumbradas. 

 

Como um veículo que percorre da alma para a mente, a imaginação avança, revelando e trazendo ao mundo toda a expressão da nossa potencialidade.

Com sua força propulsora conectada ao reino da criação, ela capta as visões internas, atuando literalmente como os olhos de nossa alma.

 

Esta é uma obra editada sob aspectos do cotidiano, retratando questões comuns do nosso dia a dia. A crônica não tem como objetivo trazer verdades absolutas, e sim reflexões para nossas questões humanas.

 

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