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Crítica | Nosferatu

Foto do escritor: Redação neonewsRedação neonews

Nosferatu é uma celebração sombria e visceral às raízes do cinema de terror e às nossas naturezas mais primitivas


Nosferatu
Nosferatu

(Foto: Divulgação)



O "Nosferatu" de 2024, dirigido por Robert Eggers, é uma experiência cinematográfica que mistura o apelo teatral adolescente de suas primeiras produções com a maturidade técnica e estilística que ele refinou ao longo de sua carreira. Revisitando o clássico de F.W. Murnau, Eggers entrega um filme que é, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma reinterpretação corajosa, repleta de imaginação visual e profundidade psicológica.


Visualmente, o filme é um espetáculo gótico. Com a colaboração habitual de Craig Lathrop na direção de arte e Jarin Blaschke na cinematografia, Eggers cria um mundo sombrio iluminado à luz de velas, onde cortinas esvoaçantes, estátuas grotescas e sombras sufocantes tornam cada cena uma pintura renascentista viva. As texturas empoeiradas e os espaços opressivos são mais do que cenários; são personagens que contribuem para a atmosfera inquietante. A câmera de Blaschke captura cada detalhe com maestria, destacando a fragilidade e o terror de seus protagonistas.


Bill Skarsgård, como o Nosferatu titular, é uma criação única. Longe de ser apenas um monstro aterrorizante, ele é uma figura tragicômica, perturbadora em sua fisicalidade decadente, mas também patética em sua insaciável fome. Skarsgård transita habilmente entre o grotesco e o ridículo, trazendo uma humanidade inesperada ao vampiro. Essa dualidade é crucial para o filme, que explora a linha tênue entre o horror e a identificação com o "Outro".


No coração da narrativa, está Lily-Rose Depp como Ellen, cuja jornada de vítima a cúmplice revela o verdadeiro poder do filme. Suas cenas de possessão, visceralmente coreografadas, são hipnotizantes e angustiantes. A relação com Anna, interpretada por Emma Corrin, adiciona camadas ao roteiro, trazendo um subtexto de desejo reprimido e libertação emocional que transcende as amarras do gênero. Depp entrega uma performance expansiva e vulnerável, enquanto Corrin brilha em uma personagem criada especialmente para esta versão.


Eggers não se limita ao visual. Seu "Nosferatu" é um estudo profundo sobre isolamento, desejo e a inevitabilidade de nossas naturezas mais sombrias. O roteiro investiga temas como abuso, solidão e a luta entre os impulsos primordiais e as restrições sociais, tornando o vampirismo uma metáfora visceral para o peso emocional que carregamos. Essa profundidade narrativa é amplificada pela escolha de transformar o horror em um espaço seguro para confrontar nossas próprias sombras.


Embora alguns espectadores possam estranhar o tom teatral e exagerado, essa abordagem é precisamente o que torna o filme único. Eggers abraça a intensidade juvenil, oferecendo um contraste fascinante com a gravidade de suas produções anteriores. É uma celebração do poder evocativo do gênero de horror, que permite a exploração de nossas partes mais reprimidas em um ambiente controlado e artístico.


Em suma, "Nosferatu" é uma obra-prima do terror elevado, que equilibra o clássico e o contemporâneo com maestria. É um convite para mergulhar no desconhecido, confrontar o que tememos em nós mesmos e, talvez, encontrar beleza no grotesco. Um filme que prova que, mesmo nas sombras mais profundas, há luz e significado esperando para serem descobertos.



 

Ficha técnica


Nome: Nosferatu

Onde Assistir: Cinema

Categoria:  Terror / Drama

Duração: 2h 12min


Nota 4/5


 

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