Crítica | Capitão América: Admirável Mundo Novo
- Redação neonews
- 20 de fev.
- 3 min de leitura
Em Capitão América: Admirável Mundo Novo a ação e política caminham juntas no primeiro filme solo de Sam Wilson como o Sentinela da Liberdade

(Foto: Divulgação)
Após anos de experimentação e tropeços na Fase 4 do MCU, Capitão América: Admirável Mundo Novo surge como um retorno calculado ao que a Marvel sempre fez de melhor: um thriller de ação com fundamentos políticos, mantendo os pés no chão e apostando no carisma de Anthony Mackie para reerguer o legado do Capitão América. Sem magia, multiversos ou ameaças cósmicas, o longo foco na tensão geopolítica e na busca por um novo símbolo de liderança para um mundo em caos. Apesar de ser uma aposta segura, a presença de um elenco forte e cenas de ação bem realizadas garantem um filme sólido, ainda que previsível.
A longa acompanha Sam Wilson já previsto como Capitão América, agora enfrenta uma nova ameaça global. Ao lado de seu parceiro Joaquín Torres (Danny Ramirez), ele investiga o roubo de um cartucho de Adamantium refinado, um crime que desencadeia uma conspiração maior do que aparenta. A grande novidade fica por conta de Giancarlo Esposito, que assume o papel de Coral, líder da organização criminosa Serpente. O ator, conhecido por vilões marcantes na TV, adiciona camadas de sofisticação e frieza ao antagonista, tornando seus momentos em cena realmente envolventes, apesar do design visual de seu personagem gerar algumas dúvidas.
Outro nome de peso que faz sua estreia no MCU é Harrison Ford, assumindo o papel do general Thaddeus “Thunderbolt” Ross, agora presidente dos Estados Unidos. Ford entrega uma performance contida e imponente, trazendo sua marca registrada de cinismo e autoridade ao personagem, mesmo sem o icônico bigode de Ross. Seu debate ideológico com Sam Wilson adiciona uma camada interessante ao enredo, refletindo temas contemporâneos sobre poder e responsabilidade. No entanto, o verdadeiro coração do filme continua sendo Mackie, que se esforça para equilibrar ação e vulnerabilidade, mostrando um Capitão América sem superpoderes, mas com muita determinação.
Essa ausência de habilidades sobre-humanas se torna um dos aspectos mais intrigantes do filme. Diferente de Steve Rogers, Sam Wilson precisa se apoiar apenas em seu treinamento, inteligência e precisão. A escolha de torná-lo um herói mais humano reforça seu papel como um símbolo de representatividade, especialmente após a derrota de Chadwick Boseman. Seu Capitão América é um líder diferente, menos um soldado perfeito e mais um homem lidando com os desafios de carregar um legado que não foi feito para ele. Essa abordagem dá ao personagem uma profundidade emocional que diferencia seu antecessor.
As cenas de ação são um dos grandes destaques do filme. Sem exageros visuais ou batalhas cósmicas, Admirável Mundo Novo aposta em lutas bem coreografadas, perseguições intensas e embates que valorizam a fisicalidade dos personagens. Julius Onah, que assume a direção, certeira no tom e na dinâmica dos confrontos, entregando sequências que remetem à era dourada do MCU, especialmente Capitão América: O Soldado Invernal . A câmera acompanha os movimentos com fluidez, sem cortes excessivos, permitindo que cada golpe tenha peso e impacto real.
No entanto, o filme não escapa de algumas falhas técnicas. Os efeitos visuais, embora funcionais, não impressionam, especialmente quando o Hulk Vermelho entra em cena. Apesar da experiência do estúdio com modelagem 3D, o design do personagem e algumas explosões digitais deixam a desejar. O roteiro, por sua vez, segue uma estrutura previsível, recheada de diálogos expositivos e frases de efeito que já foram registradas dos filmes da Marvel. Embora o longa não traga grandes reviravoltas ou momentos realmente surpreendentes, essa previsibilidade pode ser reconfortante para os fãs que ansiavam por um retorno ao formato tradicional.
No fim, Capitão América: Admirável Mundo Novo é um filme eficiente, mas sem grandes ousadias. Ele entrega uma narrativa coesa, boas atuações e ação bem realizada, mas não se arrisca além do necessário. Para alguns, essa escolha pode parecer uma oportunidade desperdiçada; para outros, é exatamente o que o MCU precisa: uma identidade sólida para reconstruir sua. Se a Marvel pretende recuperar sua prestígio, esse é um primeiro passo seguro, ainda que sem a ousadia dos tempos de glória.
Ficha Técnica
Nome: Capitão América: Admirável Mundo Novo
Onde Assistir: Cinema
Categoria: Ação / Ficção Científica
Duração: 1h e 58min
Nota 3/5