Filme reflete sobre a imaginação como força criativa e aposta em fórmulas familiares sem perder frescor
(Foto: Divulgação)
"Amor e Monstros", longa estrelado por Dylan O’Brien, começa reconhecendo as referências e clichês que inspiram sua jornada. "Antes que alguém acuse similaridades com The Last of Us nesta aventura pós-apocalíptica, o filme desarma sem vergonha o espectador ao cruzar o caminho do herói com o de um velho e uma menina." Essa abordagem honesta e descomplicada é o ponto de partida para uma narrativa que abraça as convenções dos gêneros com criatividade e charme.
O protagonista, Joel, vive em um mundo devastado onde criaturas gigantes tomaram conta do planeta, obrigando os humanos a se esconderem em colônias subterrâneas. Um enredo que poderia ser mero reciclado de tantas histórias apocalípticas ganha nova vida pelo toque do roteirista Brian Duffield e do diretor Michael Matthews. "Duffield e o diretor Michael Matthews na verdade tecem comentários de carga metalinguística apenas para se antecipar e anular o eventual cinismo que o espectador possa trazer consigo ao 'entrar' no filme."
É essa confiança no poder da narrativa que transforma "Amor e Monstros" em mais do que uma sequência de belos efeitos visuais — embora eles existam e tenham garantido uma indicação ao Oscar nesse quesito. "O que faz Amor e Monstros funcionar, mesmo, é a crença na fabulação."
Joel carrega consigo mais do que a busca por um antigo amor: ele leva também sua capacidade de imaginar, desenhando monstros e criando um guia de sobrevivência. "Essa é uma das formas visuais que o filme arruma para defender o poder da imaginação contra a tecnocracia do verossímil." Enquanto muitos filmes de fim do mundo se concentram no rigor técnico da sobrevivência, este escolhe a fantasia como seu combustível principal.
Em "Amor e Monstros", é mais importante lembrar como se divertir do que resolver cada dilema com a precisão de um manual. "Que obsessão é essa com a comida?" — pergunta-se, enquanto a narrativa investe em momentos de leveza e humor para desafiar a "paranoia do funcional".
Ao final, o filme propõe uma reflexão: em um mundo onde tudo parece pesado e mecanizado, será que não vale apostar na imaginação como ferramenta para enfrentar os monstros, reais ou figurativos, que nos cercam? "Amor e Monstros" não apenas responde, como também convida o espectador a enxergar o apocalipse com um novo olhar — de esperança e criatividade.
Ficha técnica
Nome: Amor e Monstros
Onde Assistir: Netflix
Categoria: Ficção Científica, Comédia, Aventura
Duração: 109 min
Nota 4/5