Crítica | Agatha Desde Sempre
- Redação neonews
- 5 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Surpreendente e intimista, a série Agatha Desde Sempre explora novos caminhos mágicos no MCU com charme e autenticidade

(Foto: Divulgação)
Agatha Desde Sempre é uma série que se impôs com ousadia no Universo Cinematográfico da Marvel, apresentando uma abordagem surpreendentemente simples e pessoal para uma história de bruxaria e redenção. Seguindo a vilã cativante de WandaVision, Agatha Harkness (Kathryn Hahn), a série equilibra mistério e drama ao se afastar das grandiosas narrativas típicas do MCU. O projeto, liderado pelo presidente do estúdio, Kevin Feige, introduz novos personagens e conceitos com uma delicadeza que reflete a evolução do estúdio, indo além do visual e focando em personagens cativantes e uma trama sólida.
A história se desenrola após os eventos de WandaVision, com Agatha tentando lidar com os traumas deixados pela Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen). Este contexto oferece um gancho emocional que é aproveitado por Kathryn Hahn, que brilha ao dar vida a uma Agatha despojada de sua força, mas ainda carismática. A entrada de um misterioso adolescente (Joe Locke), que rapidamente revela-se o Wiccano — filho de Wanda Maximoff — acrescenta uma camada de complexidade à trama. O jovem se torna o foco central da narrativa, revelando o aspecto mentorial de Agatha e, de certa forma, sua busca por redenção.
Um dos méritos da série está no elenco coadjuvante, formado por bruxas interpretadas por Sasheer Zamata, Ali Ahn, Patti LuPone e Aubrey Plaza. O grupo, embora novo no MCU, apresenta uma química notável, explorando uma dinâmica que transita entre leveza e tensão. Esta equipe de bruxas adiciona diversidade ao universo mágico da Marvel, e a interação entre as personagens traz momentos cômicos e emocionantes. A substituição de Debra Jo Rupp por Plaza adiciona um toque ácido e, em última análise, fortalece o grupo.
No entanto, é inegável que o protagonismo de Agatha acaba obscurecido. Enquanto o jovem Wiccano assume cada vez mais espaço, Agatha perde o brilho que merecia. Essa escolha narrativa, embora justificada dentro do enredo, reduz o potencial de Hahn como protagonista, especialmente para os fãs que esperavam vê-la em uma trajetória mais heroica. A escolha de colocar Wiccano no centro da história é compreensível, mas a série poderia ter equilibrado melhor o foco entre ambos.
Outro ponto que chama atenção é a abordagem visual da série. Com um orçamento visivelmente limitado, Agatha Desde Sempre abraça uma estética charmosa e nostálgica, reminiscentes de séries de fantasia dos anos 2000. A simplicidade das florestas de “papel machê” e os cenários artificiais têm um apelo próprio, transmitindo um toque de nostalgia e autenticidade que se torna, por vezes, encantador. Essa limitação financeira transforma-se em uma vantagem, trazendo à série um charme próprio que a destaca dentro do universo Marvel.
Por fim, a série é um excelente exemplo de como boas histórias podem florescer mesmo sem os extravagantes efeitos visuais que marcaram a última década do MCU. O humor afiado e a narrativa mais focada trazem frescor para a franquia, enquanto a interação dos personagens se revela mais valiosa do que o espetáculo visual. Agatha Desde Sempre prova que, às vezes, menos é mais, e nos deixa esperando por mais aventuras mágicas nesse estilo mais intimista.
Em suma, Agatha Desde Sempre é uma série cativante e bem executada, que acerta ao explorar os limites da magia de forma intimista e pessoal, transformando limitações em criatividade e centrando-se nos personagens. Mesmo com algumas falhas, como a subvalorização de Agatha, a série cumpre sua promessa de entreter e traz um toque genuíno e divertido ao MCU.
Ficha técnica
Nome: Agatha Desde Sempre
Onde Assistir: Disney+
Categoria: Ação
Duração: 1 Temporada
Nota 4/5