A nova coleta de material da “cidade perdida” no Oceano Atlântico traz insights promissores sobre os primeiros dias da vida na Terra
(Foto: Divulgação)
Há mais de duas décadas, pesquisadores descobriram no fundo do Oceano Atlântico uma área notável conhecida como a “cidade perdida”. Esta região, caracterizada por suas imensas colunas de carbono, é única por manter vida mesmo na ausência de oxigênio. Recentemente, uma nova expedição ao local trouxe à tona dados que podem iluminar o mistério da origem da vida na Terra.
O local tem atraído a atenção de cientistas devido à sua capacidade de sustentar vida em condições extremas. As colunas de carbono presentes são formadas a partir da interação entre o manto ascendente e a água do mar, liberando hidrogênio, metano e outros gases dissolvidos que são essenciais para sustentar a vida. Este ambiente peculiar abriga uma variedade de organismos, incluindo crustáceos e caracóis, além de caranguejos em menor quantidade.
Um estudo publicado na revista Science em 8 de agosto de 2024 marcou um avanço significativo na pesquisa sobre a “cidade perdida”. Uma equipe de 30 cientistas realizou a maior coleta de material já feita em profundidades tão extremas, reunindo um cilindro de rocha com 1.268 metros de comprimento. Este material, conhecido como amostra de núcleo, é considerado um fragmento do manto da Terra, uma camada de rocha vulcânica sólida entre a crosta e o núcleo do planeta.
“Agora temos um tesouro de rochas que nos permitirá estudar sistematicamente os processos que as pessoas acreditam serem relevantes para o surgimento da vida no planeta,” comentou Frier Klein, membro da equipe. A coleta revelou informações cruciais sobre os processos geoquímicos que, segundo os cientistas, podem ter gerado vida na Terra bilhões de anos atrás.
O estudo também tem implicações além da Terra. As características únicas da “cidade perdida” sugerem que similares ecossistemas poderiam existir em outros corpos celestes. “Este é um exemplo de um tipo de ecossistema que pode estar ativo em Encélado ou Europa neste exato momento,” afirmou o microbiologista William Brazelton, referindo-se às luas de Saturno e Júpiter.
A pesquisa contínua sobre a “cidade perdida” oferece uma oportunidade valiosa para entender não apenas a origem da vida na Terra, mas também os possíveis habitats em outros planetas. Com a recuperação das amostras e o avanço na análise, os cientistas esperam obter um inventário detalhado das características do manto superior e explorar as condições que podem ter sustentado vida primitiva.
A equipe continuará a estudar as amostras para obter uma visão mais profunda dos processos geológicos e bioquímicos que moldaram a vida primitiva na Terra. Este trabalho poderá responder a perguntas fundamentais sobre como e onde a vida começou, tanto em nosso planeta quanto além dele.
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