Exploração da curiosa coincidência entre a localização da Grande Pirâmide e a velocidade da luz
(Foto: Divulgação)
A internet está cheia de afirmações curiosas, e uma das mais intrigantes é que a latitude da Grande Pirâmide do Egito é idêntica à velocidade da luz. Segundo publicações virais, a velocidade da luz é de 299.792.458 metros por segundo, enquanto a latitude da pirâmide é de 29,9792458°N. Mas será que isso é realmente verdade?
De fato, ambas as medidas são corretas e coincidem numericamente. No entanto, é importante destacar que essa coincidência é apenas isso: uma coincidência. Vamos aos fatos.
Primeiro, a latitude: ainda que a pirâmide de Gizé esteja localizada em 29,9792458°N, ela não é a única nesse ponto. A latitude dá a volta no planeta, então vários outros locais na Terra compartilham essa coordenada. Além disso, os egípcios antigos não utilizavam sistemas de latitude e longitude como conhecemos hoje.
A questão da velocidade da luz é um pouco mais complexa. A velocidade da luz foi oficialmente medida em 1676 pelo astrônomo dinamarquês Ole Roemer. Ele usou as órbitas da Terra, do Sol e de Júpiter e sua lua Io para o cálculo. Mais tarde, em 1819, o físico francês Armand Hyppolyte Fizeau conseguiu uma medição mais precisa, com um erro de menos de 10% em relação à medida atual.
Antes dessas descobertas, filósofos e cientistas debateram a questão. Empédocles sugeriu que a velocidade da luz era infinita; Ptolomeu e Euclides acreditavam que ela era emitida pelos olhos; Aristóteles e Heron de Alexandria achavam que ela se propagava por corpos e era finita. Galileu Galilei também realizou experimentos em 1638, mas não tinha a tecnologia necessária para medições precisas.
Se os antigos egípcios tivessem conhecimento da velocidade da luz, mantiveram esse segredo muito bem guardado. Além disso, eles utilizavam um sistema de medida baseado no côvado, e não em metros por segundo, a unidade padrão de medida da velocidade da luz.
Até a Revolução Francesa, no final do século XVIII, não havia um sistema de medida universal. Em 1790, a Academia de Ciências de Paris e a Sociedade Real de Londres definiram o sistema métrico, que se espalhou pelo mundo e foi adotado pelo Brasil em 1862. Tornou-se padrão mundial nos anos 1960, sendo que atualmente apenas três países não o utilizam: Estados Unidos, Libéria e Myanmar.
Portanto, mesmo que os egípcios tivessem descoberto a velocidade da luz, eles jamais a expressariam em metros por segundo, a unidade que coincidiu numericamente com a latitude da pirâmide.
Por mais fascinante que seja a ideia de uma civilização antiga conhecendo a velocidade da luz, a coincidência entre a latitude da Grande Pirâmide do Egito e a velocidade da luz é exatamente isso: uma coincidência.
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